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10 de dez. de 2009

Educar é valorizar




Acho que como eu, muitas outras pessoas poderiam dar o exemplo dos seus pais e avós para agir na difícil tarefa de educar os filhos.

Estava meditando sobre tudo isso nesses dias... O que acho mais bonito é ver filhos bem criados, ao menos colocados no rumo do verdadeiro crescimento e do respeito ao outro. E sempre vejo que eles apenas estão colocando em prática o que receberam em casa.

Às vezes nos perdemos em ideologias e propostas educacionais complexas e esquecemos a simplicidade como nossos pais nos educaram. Apesar de simples, foram eficazes, tendo em vista que, apesar de não sermos perfeitos, somos bons cidadãos, com noção de direitos e deveres, de que a liberdade do outro vale tanto quanto a minha, e com o imperativo ético do grande valor da vida.

Isto, valores!

Nossos pais nos valorizaram não por ficar encobrindo nossos erros, ou porque fizeram de tudo para não nos corrigir. Valorizar alguém é amá-lo e acrescentar-lhe valores. E nossos pais fizeram isso por exemplos e palavras.

Experimentamos que tais valores herdados de nossos pais ficaram implantados no nosso coração e memorizados em nossa cabeça. Cedo ou tarde, nas mais diferentes circunstâncias, eles se tornam virtude e força para o bem, ajudam-nos a evitar o vício ou são o suporte para nos levantar quando caímos, iluminam nossa consciência aonde a lei natural vem e nos direciona ou redireciona nos caminhos da vida.

Esses valores interiorizados no nosso ser até puxam nossas orelhas e nos dão um sadio sentimento de culpa quando de fato erramos e precisamos nos corrigir, sob a pena de nos viciarmos e depois não podermos nos ajeitar mais. Quando uma pessoa não tem valores, ela erra, acostuma-se com o erro, justifica o erro, troca o certo pelo errado, perde a sensibilidade e a indignação ética, e vai se animalizando cada vez mais.

Além do pão material e da moradia, normalmente sem muito luxo por conta da carestia da época, o forte dos nossos pais foi ter nos criado incutindo-nos valores éticos e religiosos. Às vezes tinham até uma certa dureza nas palavras e pouco ternura; às vezes nem cumpriam tudo o que nos ensinavam, mais esforçavam-se por nos valorizar como filhos, acrescentado-nos valores. Afim de que, de filhos, não nos tornássemos delinqüentes, malandros desse ou daquele jeito, irresponsáveis.

É lamentável ver tantos jovens por aí, sem família, e depois sem sociedade, pois quem não aprende a ser filho em casa, também não saberá ser cidadão lá fora; também, quem não aprende o certo em casa, aprende lá fora de um modo errado.

A metodologia educacional simples dos nossos pais era por assim, dizer, doméstica (a educação vem do berço, costume de casa vai à praça), na base dos valores mediante exemplos e palavras, dentro de um horizonte cultural da sociedade que também respeitava a autoridade dos pais e dos professores, e primava pelo valor da religião. Este horizonte cultural também está fragmentado nos dias de hoje...

Quem nasceu primeiro: o ovo ou galinha? A família é o que é hoje por conta da sociedade que temos, ou a sociedade que está aí é uma demonstração de como estão nossas famílias? Diante da impossibilidade de saber o certo, limito-me a falar da realidade das novas gerações e digo que, a princípio, tudo começa em casa e os pais devem primar pela educação doméstica na base dos valores, mediante exemplos e palavras.

Educar é valorizar!

Pe. Marcos Oliveira